10.1.16

AGORA

Era disto que falava.
Das borboletas no estômago que não implicam a toma de um "brufen" no dia seguinte. Decifro-te mesmo que mudes de código de barras a cada duas horas. Decifro-te é a primeira metáfora dessa frase e sem propósito nenhum porque nos dizemos sem filtro desde que haja sentido. Código de barras seria a segunda se nos ouvissem as palavras quando me assaltas os lábios a meio de uma frase. Duas horas para assumirmos o número par. Essas certezas todas contagiam-me.
Desconfiei que existisse alguém desse lado tão como eu. Que sabe de antemão que dizer tudo não é sinónimo de menos mistério. Esse, faz-se na intensidade com que se vive e na reciprocidade das palavras interrompidas pela acção urgente de se viver no corpo o que se tem cá dentro. Não medimos nada, o já é feito de "agoras" e o único futuro é o que se constrói presente na falta de tempo, o que não perdemos, juntos.
Também gosto desta falta de espaço que é recusa às saudades, um t0 minúsculo que te faz tocar-me a cada volta. E sempre que me tocas abandonas o intervalo. Não há meio que se faça entre nós que não seja uma questão de pele. Para que haveríamos de querer reservas se no baixar da guarda está tudo o que somos para sermos inteiros.
Somos um vamos cheio de promessas que nem sequer fizemos. Gostamos das palavras que pronunciamos mas onde nunca deixamos a dever está mais no verbo que no substantivo, está na acção.
Entramos no carro, naquele em que aceleras. Desta vez, vou contigo, sem calma. A única coisa que me assusta está no "pára-arranca" mas soubeste contornar o trânsito e tens a coragem certa para o "prego a fundo".

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