Quando me olhas assim, perco-me na imensidão do que sou em ti e vejo no reflexo mais de mim que de ti. Na tua ausência, só me espelhas a mim.
Despes-me sempre que me olhas e tiras-me bem mais que a roupa. Estou nua no retrato que desenhaste de mim. Despida de artefactos, não de roupa. Livre da métrica pressuposta, não de trapos. Despojada de sentires reprimidos, não de tecidos.
Depois de me despires, se me tocas, mesmo que não me toques, atravessas-me a pele e fazes parte de mim. Misturamo-nos, enlaçamo-nos e cruzamos todas as partes do que somos, quando somos mais que os corpos.
És tão quente fora de ti quanto o és em ti mesmo e aqueces-me. Ferves-me o corpo que é pele, sem ter pele nem corpo.
Ferves-me.
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