Acredito que haja quem duvide da dimensão dos meus sentimentos por demonstrar menos quando sofro.
É verdade que o meu muro das lamentações está pouco escrito. Rabisco por lá alguma coisa quando a dor é profunda e a preciso arrancar à bruta. Também é certo que há em mim uma dificuldade grande em chorar as mágoas em colos que não sinto meus. É mais fácil verem-me deixar cair as lágrimas a meio de um filme qualquer do que a chorar a dureza da vida.
Tenho para mim que a importância das coisas somos nós que a damos e que o queixume dá força ao que queremos deixar para trás. Concentrarmo-nos na lamúria é dar-lhe destaque e o foco que tenho está em ser feliz.
Sinto tudo, não se iludam. Se prestarem atenção veem a minha tristeza diluída nos kilos que fui perdendo. Sempre fui corpo e ele fala tudo o que não verbalizo. Cada um canaliza as emoções da maneira que sabe, mesmo que saiba pouco do que tem dentro.
A forma de expressão não é só boca.
Acho que já vos disse que sou naturalmente feliz e isso advém do espaço que dou à tristeza. Dou-lhe os mínimos para que não se instale mas ainda assim consiga ser lição. Aprende-se tanto com o que corre mal.
Deixem-me repetir. Sinto tudo e sou cheia na emoção. Alimento-me do que não se faz amargo porque a dieta certa é aquela que reduz em calorias os maus momentos, para repor em quantidade todos os bons que soubermos cozinhar.
Bom apetite!
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