4.4.16

AMIZADE

A distância que vai da mão à pedra devia ser maior. Dava mais tempo para refletir antes de a atirar. Se cada telha que partimos nos lembrasse da telha que nos podiam partir, talvez partíssemos todos menos telhas. Somos todos humanos, não somos?
E se eventualmente não houver pecado a apontar, lembrem-se que há vida de sobra para errar. Não se felicitem ainda! Fazer a coisa certa nem devia ter direito a medalha. A não ser que a façam para a receber. Caso contrário, a medalha, seria apenas a coisa certa. A propósito, o que fará do certo, certo?
Desculpem. Não quero melindrar ninguém. Não quero atingir. Não quero persuadir. Não quero esclarecer. Que se abandonem as armas de arremesso, os bodes expiatórios, e as diretrizes partidárias.
Não sei falar dos outros. Sei tão pouco deles. Cada vivência que relato é minha, são as únicas que conheço. Não gosto de juízos de valor. Cada julgamento que faço é sobre mim. Não conheço a verdade global de qualquer outra história que não a minha. E os valores. Que sabemos nós de valores? Provavelmente tanto quanto sabemos do certo.
Diz a sabedoria popular que “cada um vê mal ou bem, perante os olhos que tem”. Sei, quando olho para mim, que fiz sempre o melhor que soube perante as situações em que me colocaram e em que me coloquei. Esta é a premissa da qual parto, sempre que olho para os outros.
Sobre a amizade o que dizer e é difícil falar de amor. Não, não me enganei nas palavras. Falo a mesmo linguagem nas duas temáticas. Se entenderem que as devemos distinguir. Lá está, valores, conceitos, verdades, juízos.
A amizade, a minha, não se mede no estar ao lado do outro quando o compreendo, mede-se no estar ao lado, até quando não o compreendo.
De resto, perante tamanho tribunal, defendo a palavra quando é directa e acrescenta. Quando revela mágoa mas não fere. Dentro da minha bitola cabes também. Se doí, chora e lava. Se rasga, agarra e costura. Se parte, junta e cola. Só não faças das tuas feridas o corpo de alguém.

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