31.3.15

NEW GAME

Todos os dias me lembro de te esquecer mas, acontece sempre qualquer coisa pelo meio que me distrai e, continuas aqui. Esquecer-te dá mais trabalho do que o trabalho que tive a adivinhar-te. Sim, adivinhei-te e enganei-me na resposta da interrogação que és.
Podias ter avisado. Não é bom deixar as pessoas caídas no erro. E tinhas-me poupado o trabalho de te esquecer. Porque se te tivesse conhecido, antes de te fantasiar, não precisava esquecer-te. Dou por mim a lembrar mais aquilo que imaginei que fosses do que a sentir saudades daquilo que és. Agora estou encurralada. Como é que se esquece alguém que é coisa da nossa cabeça? Sendo da nossa cabeça, está instalada.
Isto recorda-me uma das nossas questões iniciais: como é que se conhece, pela primeira vez, alguém que já se conhece? Devíamos estar os dois muito enganados nessa altura. O único alguém que conhecíamos era o que nos faz a nós mesmos, o outro era desconhecido. Saber, em antecipação, que vamos conhecer um desconhecido, que já tem imagem, dá uma boa margem de manobra à imaginação. Sou tão boa a imaginar que me excedi.
Dizia Picasso: “Everything you can imagine is real.”. É por isso que estou encurradala. A minha imaginação elevou os padrões a um grau surreal e embora este “jogo” me dê constantemente novas vidas, não estou a conseguir carregar nos botões certos para passar de nível. Também posso ter o comando estragado ou será que isto se resolve com pilhas novas? Admito que não sei jogar. Podes-me passar de nível? Ou jogamos a outra coisa?

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